quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

sua música costurou tudo num dia lindo
flauta-agulha em delicado nó com melodia-linha
por buraco fino que dedos destros manipulavam
e lábios sustentavam esse doce metal

e ao toque de um olhar insutil,
o semblante encantador




nem cego nem surdo:
contempla impressão causada
revive na memória pequeno momento
até querer aquele olhar anfíbio
pendido na melancolia de um poema mal lido
e de vontade absurda
uma qualquer esperança pendurada
e desses tantos penduricalhos
um móbile no tempo se formando




duas cabeças
em jardim colcha de retalhos toda colorida
cheia de costura cada palavra trabalhada
cada quadrado entregado
uma folha de papel mal lida
com um poema desenhado
pela linha que formam no ar
todas as bolinhas da partitura

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

III O ultimato doloso-mudo

hoje não uso cinza
nem que seja só até melhorar do estômago
ou até os jambos logo pularem das árvores
sempre que começam as chuvas
quem mofam os sapatos
e fazem poesia nas redes sociais

agora não acho graça da minha desgraça alheia
que nem a eficiência do meu esquecimento
faz mais
enquanto não saio de casa
não me abriga a sola
ou os problemas da ansiedade
que fazem teorias depois do almoço
não ciscam no chão como galinhas e pombos
mas escavam rápido como vermes vampiros

II A idéia recorrende prévia

queria voltar no tempo
para tirar vantagem de tudo que já aprendi
que não adianta nada saber agora