eu já tenho muitos amigos que não sentem tesão por mim
já basta
de querer seu sexo
é assim que tem dois ou três poemas
nascendo e mudando na minha cabeça
e tudo mistura
eu devia estar entre a
já chega lê em meu texto
em minha pele
eu devia estar
eu tenho excesso de ela
assim é que eu separo cabelo de abraço
quis ficar entre
embaixo de um ônibus aquele ônibus
assim leu e eu, tive excesso
separei de repetido isso palavras
convenientes que voltaram
de viver esses toques
em poesia de corpo
e muro gigante
terça-feira, 27 de abril de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
os poemas não eram para alguém
I
foi o brilho de mistério nos meus olhos. foi de não saber ser. tornam ao opaco indeciso, confuso. de toda aproximação desastrosa, de carinho desastrado que sempre foi assim. olhos que não contam histórias, narram sempre o mesmo estado textura em que nada sabe nem nada muda. e o segredo que nem era, nem era nada, cabe também como luva à risível condição de estar se exposto. sempre transparente sem confiança, como oca vitrine de cristal.
o brilho, o segredo, veio de tanto gritar que ninguém ouvia sem susto, quando ouvia. de tanto contar, tanta erosão, o cristal se esbranquiçava. de tanto querer, tanto fazer.
e que nada adiantava em minha mudez e exagero, contar o que já era tão fácil percebido, mesmo do que eu escondia. sob camadas invisíveis. nada contava mais minha nudez que tentar escondê-la.
II
não se deve achar o brilho daqueles olhos, nenhuma era a menina deles, nem há razão de se assustar tanto sempre por ser eu inofensivo. de poemas antigos, coisas antigas, essa sempre foi a minha vida. nem sofro, nem mal, nem vítima, que de perplexo já me acostumei. tudo é brando e sobrevivo.
que em linhas antigas sempre se confundem, num esperado espelho olhavam as camadas e sem imagens se viam sempre iguais. nessas linhas, nesses versos sempre se perdiam, esses outros olhos, e medo não de mim, mas do vazio em que se reconheciam.
nem se deve tentar a identificação, nenhuma é a menina nem nunca foi. não dava, se meu olhar não denunciasse em todo momento minha carência de tudo: querer que não era espera. em já dita vontade do novo. por debaixo da cortina de vidro
III
em tudo isso passei por tanta análise e tanta síntese. tanto mal entendido que me perco. no pouco que sou. cabe tão bem como roupa, de textura muda.
por trás das vitrines-lentes de resina os meus olhos opacos.
foi o brilho de mistério nos meus olhos. foi de não saber ser. tornam ao opaco indeciso, confuso. de toda aproximação desastrosa, de carinho desastrado que sempre foi assim. olhos que não contam histórias, narram sempre o mesmo estado textura em que nada sabe nem nada muda. e o segredo que nem era, nem era nada, cabe também como luva à risível condição de estar se exposto. sempre transparente sem confiança, como oca vitrine de cristal.
o brilho, o segredo, veio de tanto gritar que ninguém ouvia sem susto, quando ouvia. de tanto contar, tanta erosão, o cristal se esbranquiçava. de tanto querer, tanto fazer.
e que nada adiantava em minha mudez e exagero, contar o que já era tão fácil percebido, mesmo do que eu escondia. sob camadas invisíveis. nada contava mais minha nudez que tentar escondê-la.
II
não se deve achar o brilho daqueles olhos, nenhuma era a menina deles, nem há razão de se assustar tanto sempre por ser eu inofensivo. de poemas antigos, coisas antigas, essa sempre foi a minha vida. nem sofro, nem mal, nem vítima, que de perplexo já me acostumei. tudo é brando e sobrevivo.
que em linhas antigas sempre se confundem, num esperado espelho olhavam as camadas e sem imagens se viam sempre iguais. nessas linhas, nesses versos sempre se perdiam, esses outros olhos, e medo não de mim, mas do vazio em que se reconheciam.
nem se deve tentar a identificação, nenhuma é a menina nem nunca foi. não dava, se meu olhar não denunciasse em todo momento minha carência de tudo: querer que não era espera. em já dita vontade do novo. por debaixo da cortina de vidro
III
em tudo isso passei por tanta análise e tanta síntese. tanto mal entendido que me perco. no pouco que sou. cabe tão bem como roupa, de textura muda.
por trás das vitrines-lentes de resina os meus olhos opacos.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
já posso ir deitar
já foi embora, muito antes que eu pudesse insistir a noite inteira
foi com medo, com preguiça, ou não importa
sem entrega e ridícula eu exposta
querendo os corpos nus, eu tirando um grosso véu de fumaça
fiquei, a andar agitada pela minha casa
sem querer mais pensar
mas já era tarde
por que as pessoas têm tanto medo de se entregar?
era tão simples, era por uma noite
nada pedi, nada esperei além.
tanto receio
tanto jogo
por que é tão simples para uns?
o que tinha de errado comigo
fui com medo, com vontade, e nem importa
eu entregue, vasta exposta
vou parar de andar
nem te ligar
te pensar
não pode voltar, já subiu e saltou do ônibus
já disse, já deve estar quase dormindo
que quis, e era só
fiquei com medo
quis, escolhi
mas agora tarde da noite
desde o encontro, nada de surpresa: vi e escolhi querer
mas agora chão, e nem a manhã, nem um dia
agora passos, fumaça de cigarros
só eu
escolhi pular nua, não posso voltar, não pode voltar, não deixa nem quer
não deixo e quero
agora conto - pulei no abismo e sabia
me perder
já foi embora, muito antes que eu pudesse insistir a noite inteira
foi com medo, com preguiça, ou não importa
sem entrega e ridícula eu exposta
querendo os corpos nus, eu tirando um grosso véu de fumaça
fiquei, a andar agitada pela minha casa
sem querer mais pensar
mas já era tarde
por que as pessoas têm tanto medo de se entregar?
era tão simples, era por uma noite
nada pedi, nada esperei além.
tanto receio
tanto jogo
por que é tão simples para uns?
o que tinha de errado comigo
fui com medo, com vontade, e nem importa
eu entregue, vasta exposta
vou parar de andar
nem te ligar
te pensar
não pode voltar, já subiu e saltou do ônibus
já disse, já deve estar quase dormindo
que quis, e era só
fiquei com medo
quis, escolhi
mas agora tarde da noite
desde o encontro, nada de surpresa: vi e escolhi querer
mas agora chão, e nem a manhã, nem um dia
agora passos, fumaça de cigarros
só eu
escolhi pular nua, não posso voltar, não pode voltar, não deixa nem quer
não deixo e quero
agora conto - pulei no abismo e sabia
me perder
quinta-feira, 8 de abril de 2010
coisacristina
ah eu tenho que te contar tanta coisa
que a mulher também sou eu
tanta coisa
que há tanta água para eu chover
do vento frio que entra
janela, eu tenho tanta coisa
tanto encanto
que ela também sou eu
que a mulher também sou eu
tanta coisa
que há tanta água para eu chover
do vento frio que entra
janela, eu tenho tanta coisa
tanto encanto
que ela também sou eu
quarta-feira, 7 de abril de 2010
luís
há espera
enquanto não há
o que fazer
e o telefone não toca
eu me toco
na promessa
há demora
meus dedos procurando insistentes
os axiomas do meu corpo
eu me cumpro
afinal
eu sou minha
a vontade é minha
e você não
enquanto não há
o que fazer
e o telefone não toca
eu me toco
na promessa
há demora
meus dedos procurando insistentes
os axiomas do meu corpo
eu me cumpro
afinal
eu sou minha
a vontade é minha
e você não
terça-feira, 6 de abril de 2010
em cartaz (corte no escuro)
corto minhas pontas primeiro
a lâmina aponta
cenas de filme que não vi
os cinemas em que não fui
e encontros que não tive
com seus sensuais contatos no escuro
minhas unhas em algum pescoço
abaixado sobre minhas coxas
me lambendo
e todo aquele medo de alguém ver
sem se importar com alguém ver
e todo aquele rosto em mim
me seduzindo
como em tela grande teia rente
dias não tidos
noites sem medo
a lâmina aponta
cenas de filme que não vi
os cinemas em que não fui
e encontros que não tive
com seus sensuais contatos no escuro
minhas unhas em algum pescoço
abaixado sobre minhas coxas
me lambendo
e todo aquele medo de alguém ver
sem se importar com alguém ver
e todo aquele rosto em mim
me seduzindo
como em tela grande teia rente
dias não tidos
noites sem medo
segunda-feira, 5 de abril de 2010
eu desejo várias pessoas
mas nenhuma me deseja
eu desejo minhas amigas
eu ando de cabeça baixa
eu sento no banco no meio do caminho
só para escrever essas linhas medíocres
eu desejo algumas pessoas
umas menos outras mais
eu me cansei de não ser atraente
o amor sem sexo
invisível
eu vejo as garotas da minha sala
dos bares
eu ando engraçado pulando
rápido
eu fujo dos olhares
que não são
de vontade
eu desejo desconhecidas
nenhuma me conhece
ninguém quer
eu tenho amigas
eu roo em volta das unhas
eu recebo desculpas
em resposta em troca de convites
eu não entendo a sensualidade
é natural não me desejar mais
eu ouço demais
minhas amigas evitam a idéia de me desejarem
eu queria ser desejável
é tão difícil só ser
é difícil ser sempre fonte e nunca sorvedouro
falar só
mesmo conversando
sem que me entenda
eu falo com as conhecidas
eu sou muito não
para ser desejável
eu fico sem ninguém
triste, fumaça
eu pego obsessão pelos assuntos recorrentes
não adianta
nenhuma fica para ouvir
quando eu me canso eu escrevo
mas nenhuma me deseja
eu desejo minhas amigas
eu ando de cabeça baixa
eu sento no banco no meio do caminho
só para escrever essas linhas medíocres
eu desejo algumas pessoas
umas menos outras mais
eu me cansei de não ser atraente
o amor sem sexo
invisível
eu vejo as garotas da minha sala
dos bares
eu ando engraçado pulando
rápido
eu fujo dos olhares
que não são
de vontade
eu desejo desconhecidas
nenhuma me conhece
ninguém quer
eu tenho amigas
eu roo em volta das unhas
eu recebo desculpas
em resposta em troca de convites
eu não entendo a sensualidade
é natural não me desejar mais
eu ouço demais
minhas amigas evitam a idéia de me desejarem
eu queria ser desejável
é tão difícil só ser
é difícil ser sempre fonte e nunca sorvedouro
falar só
mesmo conversando
sem que me entenda
eu falo com as conhecidas
eu sou muito não
para ser desejável
eu fico sem ninguém
triste, fumaça
eu pego obsessão pelos assuntos recorrentes
não adianta
nenhuma fica para ouvir
quando eu me canso eu escrevo
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