quarta-feira, 27 de julho de 2011

eu que pensei que ia ser feliz
não penso mais
no toque que não alcança a pétala de papel

a covardia desenhou a placa de metal
ardia sob fogo macio
na minha pele transparente

aquela imagem refletiu em infinitos
espelhos paralelos até perder a intensidade
mesmo sem me permitir sentir raiva
foi


eu que lapidei infinitos cacos de espelhos
até perder de ver brilho em

cartas incompletas poemas incompletos
como se tudo pudesse ser diferente
não cabe não tem espaço
nem sabe nem sobra pedaço

domingo, 20 de março de 2011

de tudo que quis só encontrei a culpa minha. o decoro, o contimento, a antítese. não me encontrei nesse labirinto que. a muda da árvore que eu plantei no dia em que nasci e quis tatuar no meu corpo foi transplantada para longe da minha casa e não resistiu no dia dos meus quinze anos. o coro, refrão eminente, o choro, faz da ausência sono pesado, sem libido, sem vigor.

mate-me, pela metade que sou e não sustento.

no papel que desenho minhas falas e não decoro. que essa frase única é que ecoa violenta num espaço de vácuo fechado na minha consciência. em que vejo inscrito algum mundo. passa uma angústia de tanta coisa, de tanta fúria e poço de sensualidade.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

sua música costurou tudo num dia lindo
flauta-agulha em delicado nó com melodia-linha
por buraco fino que dedos destros manipulavam
e lábios sustentavam esse doce metal

e ao toque de um olhar insutil,
o semblante encantador




nem cego nem surdo:
contempla impressão causada
revive na memória pequeno momento
até querer aquele olhar anfíbio
pendido na melancolia de um poema mal lido
e de vontade absurda
uma qualquer esperança pendurada
e desses tantos penduricalhos
um móbile no tempo se formando




duas cabeças
em jardim colcha de retalhos toda colorida
cheia de costura cada palavra trabalhada
cada quadrado entregado
uma folha de papel mal lida
com um poema desenhado
pela linha que formam no ar
todas as bolinhas da partitura

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

III O ultimato doloso-mudo

hoje não uso cinza
nem que seja só até melhorar do estômago
ou até os jambos logo pularem das árvores
sempre que começam as chuvas
quem mofam os sapatos
e fazem poesia nas redes sociais

agora não acho graça da minha desgraça alheia
que nem a eficiência do meu esquecimento
faz mais
enquanto não saio de casa
não me abriga a sola
ou os problemas da ansiedade
que fazem teorias depois do almoço
não ciscam no chão como galinhas e pombos
mas escavam rápido como vermes vampiros

II A idéia recorrende prévia

queria voltar no tempo
para tirar vantagem de tudo que já aprendi
que não adianta nada saber agora

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

I Um segundo momento indistindo

invento um novo você para mim
e aparece um poema substantivo vazio mais-profundo
tudo assunto inacabado

também o livro que emprestei eu o mesmo livro

amarrados gafanhotos
cigarras enterras o ano inteiro
como o vislumbre de uma vida de um dia
não rio da graça do seu riso
almofadas para as joaninhas e bichos de goiaba
comia toda
sem bicho sem grilo
sem roupa sem biquini sua forma

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

τέραος

zomba com sua beleza distante do meu desejo reprimido detesto

disperso nem te percebo partir

fino fio dói por vencida uni verso tangencia apenas

válvula em mamífero ou gônodas de flor, não em sua volúpia disfarçada filtro passa faixa

aqui mal entendida resmungando vespas épicas

descreve incessante tera número de proezas pequenas minúsculas