quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

sua música costurou tudo num dia lindo
flauta-agulha em delicado nó com melodia-linha
por buraco fino que dedos destros manipulavam
e lábios sustentavam esse doce metal

e ao toque de um olhar insutil,
o semblante encantador




nem cego nem surdo:
contempla impressão causada
revive na memória pequeno momento
até querer aquele olhar anfíbio
pendido na melancolia de um poema mal lido
e de vontade absurda
uma qualquer esperança pendurada
e desses tantos penduricalhos
um móbile no tempo se formando




duas cabeças
em jardim colcha de retalhos toda colorida
cheia de costura cada palavra trabalhada
cada quadrado entregado
uma folha de papel mal lida
com um poema desenhado
pela linha que formam no ar
todas as bolinhas da partitura

4 comentários:

  1. Sinceramente, pude viajar ao ler o seu poema. Confesso ainda que senti uma sensação curiosa ao imaginar acordes sendo costurados.
    Parabéns, parabéns, parabéns! Perfeita sintonia! Belo jogo de palavras.
    Superbeijo.

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