já posso ir deitar
já foi embora, muito antes que eu pudesse insistir a noite inteira
foi com medo, com preguiça, ou não importa
sem entrega e ridícula eu exposta
querendo os corpos nus, eu tirando um grosso véu de fumaça
fiquei, a andar agitada pela minha casa
sem querer mais pensar
mas já era tarde
por que as pessoas têm tanto medo de se entregar?
era tão simples, era por uma noite
nada pedi, nada esperei além.
tanto receio
tanto jogo
por que é tão simples para uns?
o que tinha de errado comigo
fui com medo, com vontade, e nem importa
eu entregue, vasta exposta
vou parar de andar
nem te ligar
te pensar
não pode voltar, já subiu e saltou do ônibus
já disse, já deve estar quase dormindo
que quis, e era só
fiquei com medo
quis, escolhi
mas agora tarde da noite
desde o encontro, nada de surpresa: vi e escolhi querer
mas agora chão, e nem a manhã, nem um dia
agora passos, fumaça de cigarros
só eu
escolhi pular nua, não posso voltar, não pode voltar, não deixa nem quer
não deixo e quero
agora conto - pulei no abismo e sabia
me perder
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito sutil e delicado esse texto. "nada pedi, nada esperei além." ...Bastam olhos chorosos, cheios de súplica e esperança. Pedir, sem dizer...
ResponderExcluirTristes também são essas palavras, mas gostei.
Abraços
este texto parece estar escondido num apartamento construído nos anos sessenta, hoje cheio de infiltrações e formigas, numa gaveta de uma moça, numa rua cheia de árvores e pedras soltas. Ela fica sozinha em casa, o prédio não tem porteiro e os vizinhos, velhos, vão dormir às nove da noite.
ResponderExcluirlindo poema. cheio de gostos.
Dá vontade de amar só para sentir o que você escreveu. Bonito e cheio de ritmo.
ResponderExcluirsinto o oposto... estou sozinho em casa com minha canídia carente, e queria não amar para não entender o poema.
ResponderExcluirlindas palavras-imagens
ResponderExcluirgracias...
eu que nem uma cachorrinha simpática e carente tenho!
ResponderExcluirSeus marcos ficaram menos assistêmicos...
ResponderExcluir...Esse "antigo"-escapa da poeta.
Dolla, era pra eu entender?
ResponderExcluirporque não fez sentido nenhum.
foi engano...
ResponderExcluirjá conhece a Ritha Garella? e o Omar Motta?
ResponderExcluir??? Não conheço não... quem são? Meu comentário ficou mal localizado. Comentei para o Marcos Assis num blog que não é o dele (rsrs), vi o que ele disse acima e achei que ele logo ia ver que escrevi pra ele, rs... me enganei. Costumo visitar o cárdeo e fiz uma piadinha fora de lugar. Gostei do seu blog também, cheguei nele por algum link que o cárdeo fez. Se conhecem?
ResponderExcluirsão nomes coletivos (uma variação do anonimato) cacofônicos como o seu
ResponderExcluireu vi eles sendo usados nos textos de uma manifestação contra o decreto que proibia o uso da praça da estação para eventos em BH:
http://pracalivrebh.wordpress.com/2010/03/29/nao-me-organizem-critica-do-arrastao-na-ultima-praia/
Dolla, te mandei um e-mail em dollasido (em) gmail (ponto) com
ResponderExcluirtambém queria não amar pra não entender!
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